Pular para o conteúdo

Marinheiros e Marujos: As tatuagens em alto mar

Não tenho nenhuma tatuagem, mas admiro muito esta arte. Estou longe de ser um especialista, mas acho interessante saber da história. Também gosto de olhar para trás em busca de inspiração, e quem sabe um dia não vou animar. Acho demais a tatuagem de marinheiro, aquelas tatuagens antigas feitas por marujos de verdade. Encontrei umas fotos muito legais na Life Magazine e resolvi compartilhar aqui! Não sei se é o estilo “old school”, mas lendo a respeito já entendi foi o começo da era da tatuagem moderna.

A prática de fazer na pele desenhos que não podem ser apagados é tão antiga quanto a própria civilização. Porém, se hoje a tatuagem se difundiu pelo mundo, devemos isso aos ingleses. Mais precisamente aos marinheiros ingleses. Era Abril de 1769, quando o comandante James Cook conduziu as manobras do poderoso três-mastros da Marinha britânica e ancorou no meio do oceano Pacífico. Entre a paisagem exótica, no entanto, uma coisa chamou-lhe a atenção mesmo antes de pousar a bota na areia: os estranhos desenhos que os locais traziam gravados na pele. 

Em um ritual sagrado e doloroso, os taitianos cutucavam uns aos outros com uma ferramenta feita de madeira e um pente de ossos afiados para furar a pele e introduzir a tinta escura. Os nativos chamavam a coisa toda de tatau e nascia a palavra tattoo (em inglês), que viraria tatuagem, em bom e velho português.

 

Tatuagem de marinheiro da marinha norte americana

No início do século 19, à medida que mais e mais marinheiros voltaram de terras distantes, a tatuagem tornou-se muito popular na Marinha britânica. As tatuagens de dragões, serpentes-marinhas e sereias eram prova de aventuras e coragem demonstrada frente ao desconhecido. Nas costas e braços dos marinheiros, as tatuagens ganharam o mundo seguindo a rota dos navios, de seus tripulantes e seus desejos. 

Em pouco tempo, o hábito havia se espalhado até mesmo entre o almirantado britânico, que por muito tempo incluiu certos membros da realeza que obtiveram patente. Há rumores de que o marechal de campo Earl Roberts expressou a opinião de que “todo oficial do exército britânico deveria ser tatuado com o brasão do regimento”. Isso não apenas aumentou o moral das fileiras, mas também seria útil na identificação de baixas. O Príncipe de Gales foi tatuado com uma Cruz de Jerusalém após visitar a Terra Santa em 1862. Em seguida, seus filhos, o Duque de Clarence e o Duque de York (mais tarde Rei George V) foram tatuados pelo mestre tatuador japonês, Hori Chiyo.

Reportagem sobre a história das tatuagens na marinha

Embora grande parte da tatuagem marítima ocorresse a bordo de um navio, de marinheiro a marinheiro – a mania criou um mercado para estúdios de tatuagem em cidades portuárias em todo o mundo. Muitos dos proprietários das primeiras lojas de tatuagem eram marinheiros, e o famoso tatuador britânico George Burchett aprendeu seu ofício enquanto servia. Estima-se que no final do século 19, noventa por cento dos marinheiros britânicos e americanos tinham tatuagens, de acordo com algumas fontes.

A âncora continua a tatuagem favorita dos marinheiros e ainda é um dos designs mais populares em todo o mundo, geralmente colocada na parte superior do braço estilo Popeye. As tatuagens dos marinheiros em um navio eram como um emblema de honra que exibia com orgulho seus sentimentos de patriotismo e camaradagem. Galos tatuados no pé eram um desenho comum nos primeiros dias, e agiam como amuletos para proteger contra afogamento. E, claro, imagens de mulheres nuas também foram um grande sucesso até que o alto escalão repreendeu temáticas “obscenas”. Depois disso, os tatuadores da época fizeram uma boa grana cobrindo desenhos de mulheres com saias de grama hula hula.

Algumas fontes de imagens e história:

As imagens que compartilhei no post, e algumas das histórias, eu retirei de uma edição antiga da Life Magazine publicada em 1951. Muito interessante ir sacando a história por trás das tatuagens, principalmente porque muitos desenhos nesse estilo ainda são comuns hoje… mesmo sem a gente viver tantas aventuras em alto mar quanto estes antigos marujos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *