As cervejas de trigo ganham cada vez mais espaço entre os amantes das cervejas artesanais, por serem aromáticas e, principalmente, muito refrescantes.
Essas cervejas recebem o nome alemão de Weizen, que significa “trigo” em português. São cervejas de alta fermentação; dependendo da região da Alemanha, podem ser chamadas também de Weiss.
Continue lendo e conheça os principais tipos de cervejas de trigo para desfrutar desse sabor inigualável!
As cervejas de trigo são mais suaves, sem aquele característico amargor presente em outras cervejas queridas no Brasil, por não conterem muito lúpulo.
A alemã Weissbier é uma cerveja de aroma moderado de cravo e banana. Tem uma aparência turva e esbranquiçada, com um leve aroma de trigo. Outros aromas leves podem ser aceitáveis, como o cítrico da laranja, e a baunilha, sem serem dominantes. Tem uma cor que vai do amarelo ao dourado, com espuma grossa e persistente. Devido à suspensão de sedimentos de levedura pode ter cor mais turva, ou pode ser mais brilhante e límpida se filtrada antes do envase.
O sabor de banana e cravo deve ser equilibrado. Um caráter moderado de baunilha e tutti-frutti pode acentuar o sabor da banana, mas não deve ser dominante.
Essa cerveja dá na boca uma sensação de leveza, cremosidade e maciez; sua fabricação é feita com entre 50% e 70% de trigo maltado. A cerveja Weissbier é típica da região da Baviera, e é por causa do uso discreto de lúpulos que seu amargor é leve, equilibrando a doçura com os sabores frutados.
Curiosidade: em algumas regiões do norte da Alemanha, há uma antiga tradição sobre a cerveja Weiss. Ela é servida com um grão de arroz que, colocado no fundo do copo, libera dióxido de carbono contido na cerveja, formando uma espuma persistente e refrescante.
A Bélgica está para a cerveja de trigo assim como o vinho está para a França!
Como o clima da Bélgica não era favorável ao plantio de uvas e sim aos ingredientes para a cerveja, monges resolveram fabricar cerveja. Assim, a partir do século XII, foi iniciada a fabricação das deliciosas cervejas regionais.
A Witbier surgiu ao norte da Bélgica, próximo à cidade de Hoegaarden, que é considerada a cerveja original do estilo Witbier. É uma cerveja muito refrescante, diferentemente da alemã, em que predomina os sabores de banana e cravo; a Witbier tem um aroma de casca de laranja e coentro, com coloração de palha ou dourado-claro.
De aparência leitosa e sabor adocicado, que lembra mel ou baunilha com um toque cítrico de laranja, o sabor de trigo faz dela uma cerveja bem suave. De corpo médio a leve, cremosa, refrescante, com baixa acidez e ausência de amargor, essa cerveja utiliza aproximadamente 50% de trigo não maltado.
A Dunkelweizen é a Weissbier escura. Dunkel, em alemão, significa “escuro”; daí o nome Dunkelwiezen, cerveja escura de trigo (não necessariamente preta), com ou sem fermento.
A cerveja Dunkelwiezen, de cor marrom-claro a escuro, tem um equilíbrio entre o malte tostado e o lúpulo, sendo de baixa fermentação. A espuma tem uma boa densidade. Com sabor de biscoitos, caramelo, castanhas e chocolate, a degustação começa com doçura e depois traz um leve amargor.
Não tem o tradicional aroma de banana e cravo, mas sim de um maltado mais intenso que lembra também broa, pães escuros e até mesmo achocolatados. A cerveja preta Dunkelwiezen é diferente da cerveja preta Schwarzenbiere, pois esta é bastante maltada e lembra o sabor de café.
A Weizenbock é uma variante da Dunkelwiezen, mas com alto teor alcoólico. É uma cerveja escura refinada, com uma complexidade de maltes, sendo fabricada com seis tipos deles e com sabor moderado de trigo.
Tem cor avermelhada escura, espuma densa e cremosa, com notas de torrefação de cravo e banana. Contém aromas de ameixa e uva-passa, com um leve toque de banana e baunilha. Envolve grande teor de fermentação, sendo que a segunda fermentação ocorre, inclusive, já na garrafa.
Produzida na Alemanha, na cidade de Goslar, essa cerveja é feita como a Weiss, mas com adição de coentro e sal.
Essa cerveja é uma das mais antigas do mundo, com registros desde a Idade Média. Ganhou o nome de Gose, devido ao rio Gose, de águas levemente salgadas, que cruzam a cidade de Gostar. A cidade se tornou um grande centro cervejeiro devido às suas riquezas, e pouco tempo depois a produção dessa cerveja foi transferida para a cidade de Leipzig, onde surgiu o nome final da cerveja, Leipziper Gose.
Com uma certa acidez e adstringência devido ao sal, a Leipziper Gose tem um perfil ácido/azedo, como uma Berliner Weisse proveniente da fermentação (bactérias lácticas) parecida com a Lambics da Bélgica. Pode ser estranho, azedo e salgado, mas essa combinação é leve e torna a cerveja refrescante.
Fabricada com 50% de malte de trigo, coentro, sal e especiarias, resulta em uma cerveja complexa, ácida e refrescante. O sabor da cerveja se deve à água salgada do rio Gose, usada originalmente em sua fabricação; no entanto, a cervejaria segue esse estilo até hoje, originando uma cerveja salgada.
No Brasil, especificamente no Rio Grande do Sul, já existe a fabricação de cerveja semelhante à Gose.
O Brasil produz excelentes cervejas de trigo, cada uma com um toque regional, como pede a tradição da cerveja artesanal.
O sistema de fabricação é o mesmo das cervejas de trigo alemãs ou belgas, mas todas trazem um diferencial da região pelo cultivo das especiarias e frutas, como a cerveja do Belém do Pará, que traz a refrescância do sabor do cajá, ou uma Witbier que, ao invés de laranja, contém tangerina.
Outros sabores interessantes, como rapadura, jabuticaba, bacuri, café, guaraná e até mesmo especiarias, como capim-limão, fazem o diferencial. Mesmo agregando esses diferenciais, a fabricação da cerveja de trigo no Brasil segue as diretrizes das fórmulas originais.
As cervejas de trigo são realmente muito saborosas e requintadas com seus diversos aromas e sabores regionais!