É engraçado os caminhos pelos quais certas conversas nos levam…
Eu e um Amigo conversávamos sobre as origens de certos costumes sociais. A conversa evoluiu para o que vestir (e não vestir) em determinadas ocasiões, e acabou indo parar em referências pessoais de estilo em caso de dúvidas.
Sim… Porquê é muito fácil “dominar”, estar confortável ou arriscar sobre aquilo que se gosta; ousar ou não ousar ou mudar dentro do próprio estilo é tranquilo. Eu não preciso pensar muito sobre como usar uma bota, um jeans, uma camisa de flanela, uma jaqueta de sarja… e muito preto.
Mas às vezes acabamos tendo alguma dúvida, principalmente naquilo que nos foge do comum: queremos sair da fórmula, mas não sabemos a dosagem. Daí então buscamos a “opinião” daqueles ícones que temos por referência para estas ocasiões.
Neste ponto da conversa, Meu Amigo perguntou sobre os meus, e eu não precisei pensar muito para dizer que eram três, nem quem e porquê o eram:
Um ícone atemporal de estilo, Steve McQueen o Rei do Cool ora usava roupas de ajuste perfeito, ora parecia se vestir em lojas de ferramentas.
Com isso deixava claro que estilo próprio é mais atitude do que uma fórmula ou um “uniforme”, e que quando se usa algo, deve-se usar por um motivo.
Seja em roupas sob medida, seja em macacões ou nos figurinos de seus personagens, Paul Newman sempre parecia elegante…
A elegância dele era uma questão principalmente de postura mas, assim como o estilo de McQueen, de atitude. Elegância se tem, mas também se pratica.
Observando Paul Newman – não só nos filmes, mas nos boxes, durante as transmissões de Fórmula Indy – e outros desses ícones que comecei a perceber pequenos detalhes, não só na aparência, mas na vida. O ambiente, a roupa, o status, não é desculpa para certos descuidos. Faça principalmente por si, nesse caso. Estar usando um macacão de trabalho engraxado não impede de abotoa-lo corretamente, e um sapato, velho ou novo, precisa ser limpo e cuidado.
Observe “A Voz” em qualquer situação, em qualquer época, em qualquer lugar e com qualquer roupa: ele sempre parece estar confortável e integrado ao ambiente.
Talvez por ser fruto de uma época mais formal, onde a etiqueta era mais exigida (e, portanto, mais natural), talvez pela rotina de sua vida de Astro (com ‘A’ maiúsculo) exigir grande preparação (se você vai passar horas no palco usando um casaco coberto de cristais, esse casaco tem que ser confortável, e os sapatos tem que ser mais confortáveis ainda…), mas Sinatra sempre parecia estar ótimo, usando ternos finos e smokings com uma fluidez ímpar.
E muito disso vinha da simpatia e de uma espécie de “malandragem natural” dele, que se apresentava em estádios como se estivesse em uma boate, fazia comentários para a platéia, do alto do palco do Oscar, como se brincasse com um vizinho, e retornava aos bares de hotéis depois de dois ou três anos, e lembrava o nome dos atendentes.
A questão é que esses ícones – esses meus ícones – sempre me pareceram tão bem, tão naturais, tão… Fluídos dentro desses estilos quanto eu no
meu. Tanto quanto atitude, praticidade, elegância e conforto, sempre me mostraram a importância de ter segurança: de vestir, mas também de ser quem é.
Estilo é algo que se constrói, mas também é algo que vem de si. A maior lição que meus ícones me ensinaram, talvez, tenha sido essa.
Então, quando preciso ou não dos “conselhos” deles, eu faço minhas escolhas, me olho uma vez no espelho e, se gosto, saio tranquilo, pois sei que estou bem.
Bem comigo mesmo. E não existe estilo melhor que esse…