No início década de 1930, um homem chamado George Grand Blaisdell observou um elegante cavalheiro, que sacou um feio e pesado isqueiro do bolso para acender seu cigarro. Intrigado, ele perguntou ao homem o motivo de ele não usar um isqueiro que combinasse com seus trajes aristocráticos. A resposta que ele recebeu foi muito simples: “Porque esse aqui funciona”! Essa breve conversa plantou a semente da inspiração que deu origem a um dos produtos mais icônicos de todos os tempos: o isqueiro Zippo.
Eu não fumo, mas admiro muito o design de alguns isqueiros. Não sei se é apelas pelo design, ou se faz parte de algo ancestral em nosso DNA. Afinal, ter um isqueiro garante a habilidade de acender fogo, uma descoberta que mudou a vida dos nossos antepassados pré-históricos e abriu caminho para a vida humana como conhecemos hoje.
Nesse post, vamos falar deste isqueiro com design tão marcante, como surgiu o Zippo e quais foram as mudanças ao longo das décadas para você conseguir datar o seu isqueiro. Quem sabe não tem uma relíquia em mãos!
O empreendedor George Blaisdell, quando teve a conversa sobre o isqueiro, estava buscando uma nova ideia de negócio para salvá-lo do abismo que foi a Grande Depressão. Inspirado pela cena do cavalheiro elegante com um isqueiro enorme, ele entrou em contato com a fabricante austríaca que produzia o tal produto – que funcionava muito bem – e comprou os direitos de distribuição nos Estados Unidos.
Antes do lançamento, ele resolveu fazer algumas mudanças. Queria que fosse possível operar seu isqueiro com apenas uma mão. No lugar de uma tampa removível, para proteger o pavio e o combustível, ele desenvolveu uma dobradiça que mantém a tampa fixa com a ajuda de uma mola. Bastaria um movimento com o polegar para abrir o isqueiro ao som do “clique”, hoje uma marca registrada.
Blaisdell também colocou uma proteção ao redor do pavio de pano embebido por fluído inflamável. O sistema protetor, que se assemelha a uma lamparina, deu ao isqueiro a fama de ser a prova de vento. Quando acesa, a chama de um Zippo dificilmente se apaga.
O primeiro modelo foi lançado em 1932 com o nome Zippo. Foi uma espécie de homenagem a outra novíssima invenção, os zíperes. O criador estava tão confiante que colocou garantia vitalícia no produto. Até hoje, a Zippo restaura qualquer isqueiro gratuitamente.
Os primeiros Zippos tinham as bordas mais afiadas e não eram tão confortáveis de segurar nem de levar no bolso. Alguns anos depois, as bordas foram arredondadas. O design ficou mais suave, e a dobradiça externa foi para dentro da tampa, onde suas bordas não incomodam.
A luz que guiou Blaisdell para fora do túnel escuro da Depressão foi literalmente a chama de um isqueiro Zippo. Essa invenção extremamente prática foi um sucesso imediato no mercado americano.
Os Estados Unidos entraram na Segunda Guerra após o ataque a Pearl Habour, em dezembro de 1941. O país direcionou as linhas de produção de todas as fábricas para o esforço de guerra.
Usar latão ou cromo para fazer isqueiros deixou de ser uma possibilidade. Ambos os metais foram racionados para fabricação de munições. Blaisdell reagiu rapidamente.
A Zippo começou a vender os chamados “Black Crackle Zippos”, feitos com chapas de aço cobertas por plástico preto para protegê-los da corrosão. Esta versão se tornou-se padrão do US Army, e cada GI recebia um. Se você tem curiosidade sobre o papel do Zippo nas guerras, eu recomendo os seguintes livros:
Os isqueiros tiveram grande importância no conflito, por causa da sua durabilidade e facilidade de acender durante as batalhas. As chamas resistiam ao vento, e eles podiam ser utilizados com uma só mão. Foram usados para acender cigarros, esquentar sopas nos capacetes ou simplesmente abrir caminho no meio da escuridão.
Muitos soldados personalizaram seus Zippos, arranhando seus nomes ou outras mensagens na capa de plástico. A marca reconheceu o potencial dessa ideia, e passou a oferecer gravações personalizadas para quem pagasse. Depois da Segunda Guerra Mundial, os isqueiros Zippos se firmaram como uma mídia popular para propagandas de pequenas e grandes empresas ao longo da década de 1960.
O fato de que milhões de militares americanos utilizaram o isqueiro nos campos de batalha catalizou a imagem do produto, que virou uma espécie de ícone americano no mundo todo. Nos anos de 1950, galãs como James Dean e Humphrey Bogart faziam charme e pose de mal com um Zippo nas mãos. O ícone seguiu forte em Hollywood, de Frank Sinatra a George Clooney.
O Zippo seguiu como item padrão do Exército dos EUA. Na Guerra do Vietnã, o isqueiro marcado virou uma declaração pessoal. Com suas mensagens arranhadas, que vão de declarações de guerra a recados frívolos, passaram a cobiçados itens de colecionador, com preços bastante elevados.
Mesmo sendo considerado uma lenda do design, ele não é um produto que foi criado com o visual em mente. A forma foi o resultado de uma evolução impulsionada por demandas funcionais. Hoje, a Zippo lança uma nova coleção de isqueiros a cada ano e segue firme com sua garantia vitalícia!
Como todo colecionável, o Zippo tem alguns detalhes que valorizam mais ou menos o produto. O maior deles, é a data de fabricação.
Encontrar a idade de um isqueiro Zippo não é uma tarefa tão difícil. Os mais recentes são ainda mais fáceis, graças ao sistema de impressão da data no processo de fabricação a partir do ano 2000. Para isqueiros feitos antes, há alguns códigos diferentes e você precisa seguir alguns passos simples para determinar a data de fabricação.
Registros variados no fundo de cada isqueiro tornam possível a identificação dos Zippos desde a década de 1930, fazendo deles os presentes vintage ideais. Existem poucos objetos de uso diário que conseguem despertar a tanta atenção dos colecionadores. Os originais são vendidos por vários milhares de dólares!
Primeiramente, a não ser que você esteja procurando uma peça de colecionador ou um produto realmente vintage, eu aconselho comprar direto no site da Zippo ou algum distribuidor autorizado. Você pode pagar um pouco a mais, mas tem a garantia de estar recebendo uma peça de qualidade.
No Brasil não é difícil encontrar, sabe? O Zippo é super comum. Na internet, encontrei vários tipos na Amazon. O site Vintage Garage tem alguns isqueiros um pouco mais únicos e até antigos.
Se você quiser algo diferente, talvez antigo, mas não necessáriamente um vintage especial, eu recomendo procurar no Etsy, um site excelente para garimpar. Você pode perder horas seguindo a trilha das páginas recomendadas!
Outra sugestão sempre muito boa é procurar no eBay. Experimente buscar por “vintage zippos” ou alguma época específica, como “vietnam zippos” ou “WWII Zippos”, por exemplo. Nos dois casos, fique atento aos detalhes do produto e não tenha medo de perguntar. Você também pode usar agregadores que fazem um filtro prévio de leilões interessantes, como o site Collectors Weekly.
No mais, é preciso garimpar e ficar de olho em feiras e brechós, pois eles sempre aparecem. Nos Estados Unidos e outros países mais ligados a esta cultura de colecionáveis você vai ter mais dificuldade para encontrar aquele achado por uma pechincha esquecido em algum lugar.
É possível ter muito mais sorte no Brasil, principalmente naquelas feiras despretenchisas e brechós que não tem especialização. Quando a “barraca” na feira pertence a um cara mais especializado, você pode ter que negociar. Na feira Benedito Calixto, em São Paulo, muitos colecionadores vendem isqueiros de várias marcas por preços elevados, pois são sempre items bons para colecionar.
Se você não for um fumante e quer carregar um isqueiro para estar preparado, eles não são sua melhor escolha. Além de maiores e relativamente pesados, também perdem combustível com mais facilidade se ficarem parados durante longos períodos.
Um simples BIC desses que compramos em qualquer mercadinho funciona perfeitamente se esse for o objetivo, mas nem se compara o visual e o apelo de colecionador. Independente de modelos e escolhas, ter um isqueiro na sua mochila ou bolso é sempre importante!
Agora, para quem fuma, o Zippo me parece um ritual. É só você reabastecer seu combustível de semana em semana, e pelo que escuto, não se importar com o sabor de combustível nas primeiras tragadas do seu cigarro. Na verdade, o cheiro não parece ser um problema: simplesmente virou parte da experiência.
Pra mim, o design simples é imbatível. Pra colecionar então? A rica história e a quantidade de variedades é um prato cheio para uma boa caça ao tesouro.
O Zippo foi testado em qualquer situação imaginável. Nem imagino quantos fogos eles acenderam. Foram bons o suficiente nas praias da Normandia e Iwo Jima. Foram bons o suficiente no inferno verde do Vietnã. Funcionam pra pescar no Alasca e resolvem nas plataformas de petróleo no Atlântico. São sempre bons o suficiente, e funcionam.
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Parei de fumar faz um tempo, e tive alguns Zippos. Mas o isqueiro que ficou de verdade foi o IMCO-JUNIOR, que era o equivalente europeu do Zippo. Vale fazer um post sobre ele também! ;)
Fala Hermes! Quer formatar um rascunho sobre seu isqueiro favorito, o IMCO-JUNIOR, e me enviar para formatar? Eu publico e coloco você como autor.
Se gostar de escrever e for fã de outros modelos podemos fechar um pacote para incluir mais histórias sobre design de isqueiros clássicos aqui no blog!
Matéria show... Possuo um Zippo PAT 2032695 estampado no fundo J ZIPPO X... Saberia me precisar a data de fabricação dele com esses dados? Valeu amigo... Blog muito bacana o seu... Abraço!!!
Oi, Alexandre. Pela patente 2032695. entre 1937 e 1950!
J = Feito em Outubro (mês 10 = letra do alfabeto 10)
Muito legal!
Abs!
Estou tentando saber se existe um modelo zippo zak 25 anos
nao qer vender o zippo nao ?
Boa tarde tenho um isqueiro Zippo de Bradford xi pra vender quanto vc da
Lucas,boa tarde.
Tenho alguns Zippo mas não entendo nada e sua matéria foi muito esclarecedora.
Penso em vendê-los.
Você sabe me informar onde busco pessoas interessadas?
Abraço
Fabio
Nunca fumei, mas colecionava zippos desde a adolescência, ganhei o meu primeiro do meu pai, que é ex fumante, eu simplesmente carregava ele por ai, sua elegante chama me acalma, não sei explicar. Cheguei a ter uns bem raros que comprei no ebay, inclusive do vietnã, eles tinham até apelidos, até que um belo dia enquanto trabalhava, entraram na minha casa e roubaram todos! Eu tinha desistido deles,até que recentemente meu irmão me deu um novo original, que me despertou a vontade de colecionar novamente, é claro que aqueles eu não vou conseguir comprar novamente, mas logo virão outros com outros apelidos.
Obrigado por compartilhar a sua história, Daniel!
Eu também não fumo mas sou apaixonado pelo design.
Abs!
Não sou fumante,mas gosto de itens relacionado a tabaco,isqueiros zippo sempre gostei e tive,recentemente herdei do meu pai um original na caixa com manuais,fabricação recente as patentes são ( I zippo 14 ) pelo que pesquisei foi fabricado em setembro de 2014...parabéns pela matéria...
Os "alternativos" não valem à pena: para não usar os modelos antigos de Zippo e Binga que tenho, fui comprar um: o preço tava interessante, mas fiquei desconfiado... Acabei optando por uma "cópia de qualidade", que à primeira vista parece um Zippo em tudo (mas é mais leve). Muito bonito, em preto fosco, com o barulho quase igual, ao ponto que me apeguei e cheguei há pesquisar para fazer uma gravação personalizada.
Funcionou muito bem. Nos primeiros dias.
O combustível tem muita benzina, queima demais quando aceso, mas evapora em três dias, não importa o quanto se encharque o algodão. Mas não é só o combustível (se fosse, era só usar fluido Zippo): o peso se deve ao fato do forro de algodão ser "fofo", pouco denso, e não conter o material, que também escapa pelo pavio e pelas frestas - incluindo entre o isqueiro e a capa -, que tem uma tolerância bem maior do que dos Zippo's.
A roda de ignição se torna pesada, se não for lubrificada, o que faz o isqueiro ser difícil de acender: tem de usar as duas mãos, dar uma "rodada" vigorosa, e dificilmente se consegue de primeira, o que anula a praticidade da peça.
Se o Zippo que me ofereceram na Tabacaria (e do qual desconfiei, por não ter o lacre e a caixa parecer... Fraca) fosse original, seria um negócio melhor que o alternativo por 1/4 do valor, pois seriam mais 3/4, mas por algo confiável.
Em todo caso, não foi um valor perdido: tenho outro uso para ele, e achei um Zippo original, também preto fosco com um kit (fluido, pedras e pavio), em um importador oficial por um ótimo preço, frete grátis e pude usar um cupom de desconto.
Comprar bem é comprar uma vez só...
Boa noite, Lucas,
Saberia me dizer se essa garantia vitalícia de restauração vale em algum representante aqui do Brasil também.
Porque de repente a dobradiça que segura a tampa não está mais fazendo isto.
Grato,
Bárbaro
Oi, Carlos. Acho que sim. Eu busquei "garantia zippo brasil" e apareceram algumas lojas com a política vitalícia. Abs!
Valeu, Lucas!
Olá amigo tenho um Zippo e não sei a data de fabricação este isqueiro tem algum valor comercial.no fundo tem umas coisas escrita (Zippo mfg. Co. Bradford pa. D ZIPPO 11 PAT. 2032695 made in U.S.A obrigado
Olá, Adriano! Tudo beleza?
Até onde sei, deve ter sido fábricado entre o final da década de 1930 e a década de 1950. No e-bay, eles são vendidos por entre $ 20 e $ 50 dólares, mas dependendo do modelo o valor pode ser mais alto.
Veja se encontra um com as mesmas características para ter uma ideia do valor: https://www.ebay.com/bhp/zippo-2032695
Abs!!!!
Queria saber como faço para mandar meu Zippo para restaurar!!!
Alguém pode avaliar meu zippo por favor?? Abrigado
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