Ano passado foi um ano muito bom para quem gosta de botas masculinas no Brasil. Graças a toda essa onda de ressurgência da essência masculina, liderada por lenhadores, flanelas e motos, e acompanhada por diversos produtos e serviços “back to basics”, várias marcas tradicionais no mercado de botas com esse estilo ganharam visibilidade nacional. Marcas novas também nasceram para suprir essa demanda pelo estilo de vida, e várias outras que haviam se distanciado desse estilo fizeram trabalhos para resgatar essa essência.
Em 2015 tivemos o lançamento da bota West Coast x The Hype Br, com todo um trabalho de branding da marca brasileira que envolveu o Lucas Penido, e outras colaborações com marcas como a Cotton Project e Cutterman. Em 2015 a marca conseguiu lançar vários modelos de botas muito interessantes além da Baltimore (a bota que serviu de base para a maioria das colaborações).
A Baltimore, com toda a máquina publicitária da West Coast, teve a força de apresentar as botas e uma versão do universo workwear para um público enorme e isso com certeza foi muito bom para quem está fazendo botas no Brasil.
Seguindo a mesma linha, com um projeto com começou no final de 2013 e viu seu primeiro protótipo no início de 2014, a Black Boots lançou em 2015 as suas Botas Black Boots BK Moc Toe. A grande novidade foi a utilização de um solado Vibram em uma bota casual.
Quem faz parte do mundo do montanhismo conhece muito bem a qualidade das solas Vibram, mas a marca não era utilizada pelo Brasil no segmento casual. A sola da bota é feita com o composto Vibram Gumlite, muito leve e macio. A bota também é blaqueada, a aposta na Vibram trouxe bons resultados, e hoje o modelo está disponível em várias cores.
A primeira tentativa da Black Boots de lançar uma bota Moc Toe foi no início dos anos 2000 e resultou no modelo conhecido como “Bota King”. Infelizmente as opções de solado e o entendimento das fábricas na época ainda não estavam preparados, mas essa nova bota fecha muito bem este ciclo de desenvolvimento de uma loja de botas que está no pedaço desde 1996, trabalhando inclusive com as lendárias Botas Paraíso, uma espécie de Wesco Boots brasileira que fechou as portas por volta de 2001.
Além da Moc Toe a Black Boots lançou vários outros modelos que foram bem aceitos em 2015, com certeza graças ao trabalho conjunto de todas as marcas que fazem parte desse ecossistema, sejam elas de botas, de vestuário, ou de acessórios.
Outra surpresa positiva de 2015 foi o trabalho desenvolvido pela Democrata. Sim, não são botas que encantam os entusiastas do estilo worker, mas pensando no público brasileiro elas tem um papel importantíssimo.
A Democrata é uma super fábrica brasileira com produção enorme. O controle de qualidade deles é muito eficiente e graças a isso essas botas tem um excelente acabamento e índice muito baixo de defeito.
O fato de elas serem leves, e levemente estilizadas, com uma campanha forte, e um produto a um preço bem acessível, ajudou a fortalecer ainda mais o uso das botas.
Deu pra ver que 2015 foi um ano bem bacana para quem curte as botas e 2016 promete ser ainda melhor…
Começando com o lançamento em três cores do sapato BKNS Oxford desenvolvido pela Break Necks utilizando solado Vibram.
A Breaknecks é uma marca muito interessante. Eles vão lançando produtos periódicos (ao invés de coleções) para completar o “guarda roupa” completo de seu cliente, que quer a mesma ideologia em tudo que consome. Ano passado a Break Necks também lançou uma bota estilo moc toe e esse novo sapato moc toe com a sola branca não é bem uma bota… é o que lá fora eles chamam de “work oxford”.
É um estilo de sapato que, de acordo com a Redwing, surgiu pela primeira vez como uma opção para os gerentes das fábricas que passavam o dia em escritórios e de vez em quando precisavam dar um pulo no chão de fábrica.
Seguindo a mesma temática moc toe + plataforma Vibram, veio a bota moc toe da Slumbrand, com a novidade de comercializar uma opção com construção goodyear welted. Essa é um acontecimento muito legal para os sapatos e botas no Brasil.
Uma bota com a construção goodyear welted tente a ser mais mais pesada e menos flexível, porém é mais resistente e, quando combinada com materiais de alta qualidade na parte interna, muito mais duradoura.
Essa pode ser mais uma etapa vencida pelas botas brasileiras, mostrando para as fábricas que o trabalho vale a pena. Quem sabe 2016 será o ano do Goodyear welted, com o processo se tornando acessível para todas essas marcas trabalharem suas visões, para benefício do consumidor?
Uma coisa é certa: Você que sentia falta deste estilo de bota no Brasil agora está muito bem servido e 2016 promete ainda mais!