Antes dos tênis existirem, o que significa até cerca de 1917, os passos de uma pessoa sempre faziam um clic ou um clac. Nossos tênis devem sua existência à engenhosidade do fabricante Charles Goodyear. O Sr. Goodyear encontrou um problema em 1839 enquanto tentava fazer malas revestidas de borracha para os carteiros dos Estados Unidos. A borracha ficava pegajosa no calor e frágil no frio. Uma das coisas que ele fez para tentar encontrar a solução foi misturar a borracha com enxofre e submeter a mistura a altas temperaturas. O resultado foi o que ele chamou de borracha vulcanizada, que permaneceu elástica em todo tipo de clima, e também podia ser ligada a outros materiais.
Alguns relatos dizem que a descoberta foi completamente acidental. Se for, foi um dos acidentes mais felizes da história industrial. Em 1840, a Goodyear lançou as primeiros galocha de borracha. Na década de 1870, eles fizeram calçados esportivos de lona e borracha que eram uma versão inicial do tênis, mas os tênis como conhecemos hoje só foram inventados pelo conglomerado que comprou a empresa de calçados Goodyear em 1892, a U.S. Rubber.
Vocês devem conhecer a U.S. Rubber pelo legado que ela deixou. Escolher um nome para a marca do tênis não foi fácil. A primera escolha da U.S. Rubber foi Peds, mas esse nome não estava disponível. Três anos depois as duas alternativas (sem significado nenhum) eram Veds e Keds. A escolha final foi Keds, porque a U.S. Rubber achava que o K era a letra mais forte do alfabeto (outros pordutos de borracha que eles lançaram foram o Krayalastic, Kraylon, Koylon, e Kedettes). Os primeiros Keds de cano alto foram feitos de borracha e lona marrom, e passavam um pouco do tornozelo. Eles não eram nem um pouco estilosos. Embrulhavam os pés do jeito mais simples possível, mas que funcionou tão bem que a construção vulcanizada continua a mesma desde então.
O tênis foi evoluindo a medida que o calçado confortável ganhava espaço no mercado como a melhor opção para a prática esportiva. A explosão dos tênis contemporâneos aconteceu na década de 70, uma época muito especial para o mercado. Aconteceu um boom da corrida e do jogging nos Estados Unidos, em grande parte graças a vitória americana na maratona das Olimpíadas de 1972. Frank Shorter foi o terceiro americano a vencer uma maratona Olímpica, mas era o primeiro desde 1908. A vitória foi dramática com cobertura foi ao vivo, mostrando um impostor Alemão correndo para dentro do estádio, e fingindo vitória. A população de corredores cresceu para cerca de 25 milhões de pessoas praticando o esporte, com poucas opções para calçar: Tênis básicos ou sapatilhas com pregos.
Algumas marcas estavam atentas ao boom e começaram a investir em tênis de corrida. Elas começaram a produzir sapatos de mais leves, mais suaves, e com materiais mais resistentes. Em vez do cabedal de couro rígido, eles começaram a usar camurças leves e malhas sintéticas. Em lugar das antigas solas de borracha-goma com o padrão de espinha de peixe, eles começaram a usar borrachas de carbono mais fortes, com desenhos e dentes para tração elaborados. Eles colocaram entressolas e palmilhas para absorção de choque. Cercaram a parte de trás do tênis com contrafortes rígidos para proporcionar estabilidade. Desenharam tipos de tênis para equilibrar a tendência do tornozelo se inclinar para dentro, e outros para impedir que o tornozelo se inclinasse para fora. Eles tentaram evitar lesões, tendinite, e dores nas canelas. E assim o tênis de corrida foi evoluindo rapidamente em busca de melhores condições para os atletas.
O mercado dos tênis sempre foi cheio de histórias. A marca Spalding, já estava vendendo tênis de corrida no início do século XX. Na Adidas eles vão te dizer que o fundador Adolf “Adi” Dassler foi o pai do tênis de corrida moderno, com o tênis feito para Jesse Owen’s nas Olimpíadas de 1936. No Japão, a Asics Tiger vai dizer que o Tiger Cortez, lançado no início dos anos 60, foi o primeiro tênis de corrida contemporâneo. Entre essas marcas pioneiras estava a Blue Ribbon Sports, fundada em pelo atleta Philip Knight e seu técnico Bill Bowerman. Os dois começaram distribuindo os tênis da marca japonesa Onitsuka Tiger (agora Asics). A Blue Ribbon lançou seu primeiro tênis em 1972… mas com outro nome: Nike.
Não havia nada como a Nike quando eles começaram. A Nike foi uma empresa de ponta, evoluindo rapidamente com sucesso atrás de sucesso de 1972 à 1985. As pessoas que trabalhavam na Nike na época realmente amavam aquilo que faziam, e eram corredores. O primeiro Nike foi o Nike Cortez. O tênis era super tecnológico com seu cabedal de nylon para manter os pés secos. O manual que vinha com o tênis prometia que você podia correr 3 km com ele. Sem o Cortez, nada teria existido.
O Cortez na verdade é uma versão do tênis Onitsuka Tiger Corsair que ganhou o direito de ser lançado com a marca Nike após uma ação na justiça. No início você não conseguia diferenciar a Onitsuka e a Nike. Tinham o mesmo cabedal, a mesma sola, e as mesmas cores. Alguns tinham até os mesmos nomes… Boston, Boston73, Marathon, Obori, Quênia, e cores pouco chamativas.
O Oregon Waffle são super leves. Bill Bowerman criou esses tênis para a sua equipe de corrida na Universidade de Oregon. Há uma história famosa que Bill Bowerman destruiu a máquina de fazer waflle da esposa testando vários desenhos para tração na borracha. Já o Waffle Racer era um tenis baixo e bem leve. Os “mini waffles” eram bem mais leves, o tênis não tem palmilha, e a parte da frente é feita com um só pedaço de material para evitar costuras que machucavam.
Outro clássico da época é o Nike Elite, uma combinação do Waffle Racer com o Waffle Trainer.. O tênis construído em tecnologia waffle na sola tinha também uma entressola de EVA para melhorar o amortecimento. Percebendo uma oportunidade de dominar o mercado em expansão, a Nike investiu em outros produtos De 1975 até o início dos anos oitenta, a Nike mudou tudo com modelos de nylon, malha sintética, couro, camurça, combinação de solas, e cores loucas. Todos esses tênis foram lançados em uma variedade enorme de cores e materiais, com edições personalizadas para atletas e equipes. A parceria entre os dois fundadores foi visionária e aproveitou duas tendências do momento: o consumismo crescente e a preocupação com a saúde.
Exitem alguns outros modelos menos famosos, como o Nike Daybreak, feito em uma forma chamada “Vector Last”, com visual considerado futurista na época. A sola tinha bastante espuma e a palmilha era alta nas bordas para manter os pés presos. O Nike D-1000 é outro, um tênis super avançado. Ele foi desenvolvido por técnicos, atletas, e doutores, e foi chamado de “o primeiro tênis feito para os seus joelhos”. Eram considerados incríveis!
Foi uma era especial da marca. Os tênis tem um nylon que tem a cara da época. Os swhooshes, tortos e mal costurados. O humor dos anúncios. As novas tecnologias a cada minuto, buscando apagar o pesadelo do maratonista etíope Abebe Bikilia que venceu a maratona nas Olimpíadas de Roma em 1960 correndo descalço.
A Nike ainda estava se esforçando para crescer e ganhar seu espaço, com um marketing agressivo que conseguiu transformar o tênis de corrida em um produto de moda. Hoje em dia a Nike é maior que a própria vida, e podem colocar um Swoosh em qualquer coisa e vender um tênis para para uma fila de fãs. Vamos então aproveitar algumas fotos destes modelos e marcos da era “clássica” da Nike!
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