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O que vocês acham dos sapatos da Louie? E dos sapatos da Sergio’s?

O que você acham dos sapatos Louie?

E o que você acha dos sapatos da Sergio’s?

Se você já conhece essas duas marcas, as enxerga da mesma maneira? Se ainda não conhece, visite os sites e volta aqui para deixar a sua opinião.

E aí? Diferentes?

Bem, o que você diria se eu falasse para vocês que os sapatos da Sergio’s são handmade shoes, feitos à mão, por habilidosos artesãos?

É isso o que dizem os conceituados sites formadores de opinião como o Moda Para Homens, na review de um sapato, o Petiscos, e muitos outros.

Clicou nos links? Se você acessou deve ter achado que eu fiquei maluco. Afinal, todas essas reviews são sobre sapatos da Louie, e não da Sergio’s. Não tem ninguém falando da Sergio’s!

Aí é que está o x da questão. Hoje eu reparei que o vídeo mostrando o processo de fabricação no site da Louie é o mesmo vídeo que está no site da Sergio’s. Só muda a música.

Não acredita? Só dar play:

Como é feito um sapato da Louie:

Obs: O vídeo foi removido do site da Louie e do Youtube.

Como é feito um sapato da Sergio’s

Esse outro vídeo é o da Sergio’s. Ele mostra que os sapatos da rede, que tem outro posicionamento no mercado, são feitos da mesma maneira:

Obs2: Como o vídeo da Louie foi removido eu resolvi incluir um print do vídeo da Sergio’s para registrar ao menos um deles.

Será que essa é uma incrível guilda de artesãos com capacidade para produzir uma enorme quantidade de sapatos para atender uma franquia enorme?

Reparem que o trabalho, totalmente manual, conta com ajuda de laser verdes e braços biônicos.

É verdade que nenhum sapato, mesmo o mais “manual”, é feito sem a ajuda de pelo menos uma máquina de costura, mas ao longo desse vídeo aparecem vários detalhes que mostram como automatizada e industrializada é essa produção em relação ao que se espera de um sapato feito à mão.

Sim, é o mesmo vídeo

A verdade é que uma boa edição, uma musica mais legal e um texto publicitário bem escrito fazem muita diferença. A Sérgio’s utiliza o mesmo vídeo que a Louie, com outra trilha sonora. Essa coincidência aconteceu porque o vídeo na verdade pertence a fábrica que produz os calçados para as duas marcas, a Radamés.

Gostaria de saber o que vocês acham da situação destes vídeos? Apesar de vender calçados, as duas marcas são bem diferentes e tem linguagens distintas.

O que eu vejo de errado nisso

Eu gosto do site da Louie. Adoro o visual dos produtos e também a qualidade de informação nos textos. Vou falar para vocês… é um sapato excelente, feito pelo que parece ser um fornecedor de primeira.

O design é bonito e o mix tem bom gosto. Já vi de perto e os materiais são bons e a construção é confiável. São sapatos muito bom, talvez os melhores sapatos feito em fábrica do Brasil.

Além disso, admiro também o modelo de negócio, que é super legal para nós consumidores. Entregam o produto com um preço super honesto. Arrisco a dizer que talvez, seja o melhor custo benefício do Brasil. A Sergio’s pode até ter um preço mais barato em alguns casos, mas não tem o benefício do design.

Imagino que a intenção deles não foi enganar e isso foi um mal entendido. Afinal, os sapatos realmente são feitos daquela maneira. As duas marcas usam o mesmo fornecedor e por isso podem mesmo compartilhar do mesmo vídeo.

O que me chama a atenção é que os sapatos, apesar de envolver processos manuais, certamente não podem ser chamados de feito à mão, ou handmade, ou qualquer outro termo que remeta a um produto artesanal.

Toda produção de sapato tem um quê manual, isso é impossível de fugir. Até mesmo antes de métodos de construção industriais, como o goodyear e o blaqueado, serem inventados, os sapateiros já utilizavam máquinas de costura. No entanto, vê-se claramente que o trabalho manual nestes vídeos chega perto do mínimo.

Isso me fez pensar na força da publicidade. Como ela tem o poder de pegar uma tendência que está na moda e encaixar em qualquer realidade para contar uma história e convencer o consumidor.

Se o produto é legal, essa história é realmente necessária? O que acham… Isso importa de verdade para o consumidor, ou ele só quer escutar uma “história legal” para se convencer que o artigo é especial?

Também pensei nos blogs, portais, etc, que passam a informação pra frente. Eles são autoridades no assunto e não dá para negar que tem muita influência. Onde eles entram na história? Qual o critério? Acho que não fazem por mal, mas como podem se informar mais? P

Pessoalmente, acho todos podem contribuir para uma relação de consumo mais saudável e transparente.

Pensou a respeito? Deixa aí um comentário com a sua opinião e inspire-se nos vídeos de um cara que faz botas à mão pra valer!

16 comentários em “O que vocês acham dos sapatos da Louie? E dos sapatos da Sergio’s?”

  1. Augustuzs Neto

    O teu blog é o único que eu acompanho pq aqui, pelo menos até agora, é jabá-free. O problema não é ganhar dinheiro validando produtos e marcas e sim fazer isso de forma oportunista/enganosa fingindo expertise e autoridade. Eu, por exemplo, não uso bota mas se usasse seguiria tuas recomendações sem medo. Vc, Lucas, demonstra conteúdo e, principalmente, um desejo genuíno de descoberta e informação. Btw, teu número de seguidores, bem menor do que os desses blogs que vc menciona no post, reflete bem o baixo nível geral onde a capa é mais valorizada do que o livro/disco. Eu acho que vc merece ganhar $$$$$ através do que faz aqui mas ao mesmo tempo receio que isso possa te transformar em mais um desses medíocres que infestam a blogosfera. Conheço e tenho 3 pares da Louie, acho bem decentes com exceção da numeração que considero um pouco desregulada para +. Sobre os vídeos, seria risível se não fosse prova cabal de má-fé e até mau-caratismo. Cada vez compro menos no Brasil e isso nada tem a ver com delírios de grandeza e afetação e sim com seriedade, confiança e design. Parabéns pelo que vc faz aqui e acredite qdo eu digo que há mais músculo no SQTUB do que em toda a trecaiada pobre, junta.

  2. Sandro Spergort

    Realmente os sapatos da Louie são fantásticos. Além de toda produção ter essa coisa do manual, de ser único até o final do processo, os modelos são fantásticos. Muito lindos, modernos, difícil de achar no mercado brasileiro algo parecido. Parabéns.

    1. Oi Sandro, obrigado pelo comentário, mas você leu o que está escrito neste post?

      A produção da Louie segue uma linha de produção industrial normal. Isso não é bom nem ruim. Pelo contrário, as vezes pode dar um resultado melhor do que o de um artesão. Depende da habilidade do artesão, e o benefício as vezes é sentimental. O ponto abordado no texto é que o produto pode até ser vendido como artesanal, mas o vídeo mostra claramente quase todas as etapas do processo de produção na linha de produção. Outro ponto é que o vídeo da Sergio´s é o mesmo.

      Você acha que uma produção artesanal ou manual tem condições de atender um volume desses? Pensa em quantas lojas a Sergio´s tem espalhadas pelo brasil. Recomendo uma reportagem super legal para você ler. Chama “Toda empresa quer ter uma boa história. Algumas são mentira”. O link é este: http://exame.abril.com.br/revista-exame/noticias/marketing-ou-mentira

      No resto, concordo com você. Os modelos de sapatos da Louie são modernos, bem feitos, tem um preço legal, e eles tem coragem de oferecer muitas coisas que são difíceis de achar tanto no mercado brasileiro quanto no internacional. Lá fora também não é fácil de achar com custo mais baixo fora das redes de Fast Fashion. Pessoalmente eu só não apoio por discordar da tática acima, que acho desnecessária.

  3. Excelente blog. Achei por acaso procurando referências da Louie. Interessante saber isso da linha industrial normal. Isso em si não é ruim, mas acredito que as marcas precisam ser transparentes naquilo que oferecem.

    1. Obrigado Thiago.

      Essa era a minha mensagem. Agora que eu reparei… o vídeo da Louie´s foi tirado do ar, mas era uma versão curta do vídeo da Sergio´s.

      Já conferi de perto os produtos da Louie´s. Também tem Sergio´s aqui perto e sempre confiro a vitrine.

      As duas marcas tem bons sapatos, cada uma com a sua estética.

      O preço também é muito legal.

  4. ” Se o produto é legal, essa história é realmente necessária? O que acham… ”

    Oi Lucas.
    Vou te contar uma história pequininha. Uma vez colocaram um violinista super famoso para tocar no metrô nova iorquino.
    Várias pessoas passaram e não notaram. Uma moça o reconheceu e perguntou para confirmar se ele era o famoso violinista.
    Ele afirmou que sim e sorriu.
    Moral da história? Um violinista incrível ,só ficará famoso e respeitado, se alguém contar sua história através da publicidade.

    1. Concordo com você Antônio. Até mesmo as coisas mais práticas precisam de algum tipo de simbolismo para agradar.

      No entanto, como você mesmo falou, ele já era um violinista super famoso. Na história que você contou tocar no metrô não adiantou porque ninguém o reconheceu. O que fez ele ser reconhecido por essa única pessoa foi o talento que ele e o reconhecimento que o músico já tinha no meio que aprecia o estilo clássico, certo?

      Eu volto com outra história para você: Um violinista anônimo muito talentoso começou a tocar no metro. Alguém filmou e colocou o vídeo no Youtube, que viralizou. A história: um desconhecido violinista incrível tocando no metrô só funcionou porque ele era super talentoso. Um outro exemplo é um pianista incrível que monta um canal no youtube e viraliza gravando versões de músicas pop. A “história” aí é o lance das músicas pop, mas sem o talento e a criatividade, ele seria mais cover qualquer.

      É claro que existem outros fatores como sorte e até mesmo recursos (um cara melhor ainda pode não ter o dinheiro para contratar um video maker tão bom), mas eu acho que é preciso escolher a história que reforce a proposta de valor. Quase sempre, os “artistas pop” não constroem uma imagem ao redor dos seus talentos vocais.

      Será que neste caso, uma proposta de valor melhor não seria “Sapatos de qualidade e design, entregues em sua casa, por um preço camarada. A fabricação deste sapato envolve X etapas manuais e os materiais são escolhidos a dedo pensando no conforto e na durabilidade”. Sei lá… algo do tipo.

      Acho que a pergunta certa é até onde o produto deve corroborar a história e até onde nossa mente tem a necessidade de ser “enganados” para justificar um comportamento de consumo.

      Mas sim, a publicidade é fundamental!

  5. Admito que já fiquei muito com o pé atrás na hora de pegar algo da Louie, que conheço há mais de um ano. Os modelos são lindos e eles têm uma variedade boa de loafers, oxfords e brogues que não se encontra nem no site da Samello por exemplo.

    Eu vi o vídeo, mas a partir dele mesmo, não considerava os sapatos como artesanais, porque tive a oportunidade de visitar uma manufatura aqui em SP, totalmente artesanal e com poucos funcionários.

    A publicidade deles realmente é brilhante, mas tudo que brilha ofusca os olhos. Nunca se sabe o que é verdade e mais vale confiar num “about us” humilde e sincero do que num que chama muito a atenção de um potencial cliente.

    1. Fala Daniel! Quanto tempo.

      Os sapatos são legais. Inclusive, eu fiz umas reviews em vídeo e fotos. Você chegou a ver?

      Estão aqui:

      Sapato Louie
      Bota Louie

      A questão é justamente essa que você falou. A produção tem seu lado manual, mas na minha opinião, falar feito à mão ou artesanal é forçar a barra. Eles não são os únicos que fazem isso, muitas marcas lá de fora fazem a mesma coisa.

      Faz parte do apelo de marketing que está em alta no momento. As coisas mudam… daqui a pouco pode ser que enfatizar a precisão das máquinas seja o melhor caminho, como já foi um dia.

      Olha esse vídeo da Allen Edmonds feito em 1940, enaltecendo o “sapato do amanhã” e toda a tecnologia da fábrica. Ciclos de marketing!

      Abs!

      1. Eu vou ler as suas reviews da Louie justamente hoje, porque quero muito saber o que você achou dos sapatos.

        O vídeo foi fantástico! Eu não sabia que Allen não usava pregos na fabricação (tbh nunca vi nenhuma manufatura, por mais artesanal que fosse, dispensando pregos) e fiquei impressionado com a flexibilidade que eles mostraram no final. Isso sim são sapatos com coração e dedicação!

        Embora seja cada vez mais raro encontrar marcas que usem processos desse nível, a esperança nunca morre ao saber que tanto a Allen, quanto a Alden, a C&J e a Vass, em meio há muitas outras, ainda oferecem sapatos excêntricos e muito bem construídos ao redor do mundo.

  6. Olá Lucas,

    Assisti sua análise de três calçados Louie no yt e aprovei porque fica claro que você estudou sobre o assunto e ao mesmo tempo não tenta fazer pose de conoisseur sofisticado, nem estica demais o vídeo com futilidades. São qualidades raras, parabéns.

    De lá caí nesta matéria que achei pertinente, pois estava estranhando a tabela de tamanhos da Louie. Lá meu pé cai no tamanho 37, sendo que tenho um sapato Sergio’s tamanho 40.

    Melhor arriscar um 40, dado que ambas vêm da mesma fábrica?

    Um abraço

    1. Oi Heitor, tudo joia? Muito obrigado pelo comentário e feedback. Eu ainda estou tentando melhorar… preciso deixar os vídeos mais casuais e ser mais objetivo. Ainda sinto que fica muito “pagação” e esticado. Mas vamos que vamos!

      Uma ideia que eu tive é trocar os vídeos no Youtube por um Podcast com convidados. Eu acho que lá vou conseguir desenvolver melhor e não preciso ficar preso aos formatos que estão dominando o Youtube atualmente! O que acha?

      Sobre a sua dúvida: Eu não sei se TODOS os sapatos vem da mesma fábrica (uma dica é reparar pela sola/formato). As coisas podem ter mudado. As sapatarias geralmente tem vários fornecedores (a loja que eu trabalhei tinha uns 8) e fazem cada produto com a fábrica mais especializada ou que tem a sola ideal/formato ideal/preço melhor

      Quanto você calça normalmente? Eu não sei a resposta mas arrisca o seu número ou um número a menos, no máximo!

      Abs!!!

  7. Hugo T Berberian

    A vantagem do “feito à mão” está simplesmente no fato de ter alguém acompanhando de perto cada unidade à cada etapa do processo. O que confere uma certa personalidade e em muitos casos um toque exclusivo. Porém, na MINHA opinião, tem o “feito à mão” desnecessário. O cara pegar o couro e a sola, uma agulha e um pedaço de linha, colocar no colo e passar manualmente cada ponto é algo extremamente moroso e desnecessário. O fato de ser cortado á laser e não na tesoura e costurado na máquina, não denotam perda de qualidade. Muito pelo contrário. É muito mais padrão e assertivo. Se alguém fosse fazer tudo à mão, teria muito mais trabalho empregado, necessidade de mão de obra ainda mais especializada, muito mais tempo para se produzir e consequentemente um custo final muito maior para o mesmo resultado (se o “artesão” for muito bom. Pra mim não faz o menor sentido.
    Hoje em dia é chamado de “feito à mão” um trabalho que é acompanhado pelo homem. Quase nada mais é feito 100% na unha. Querendo ou não, tem uma pessoa conduzindo o corte da máquina, fazendo o polimento (e em muitos casos tingindo o couro dando um toque muito personalizado e distinto) e encaixando tudo da melhor maneira. Não se trata de colocar o insumo no início parte da esteira e coletar o produto final no final, o que acontece em processos totalmente automatizados e industrializados.
    Pra mim o que conta é o sapato ser feito com ótimo material, ter um design bonito, construção apropriada e conforto. O que puder ser feito para reduzir os custos do processo de fabricação que não interfira na qualidade, que seja feito! Prefiro pagar R$400,00 em um sapato desta qualidade do que pagar R$2.600,00 em um similar porém feito por monges no Tibete ao som de música de mediação e com alimentação controlada.

    1. Oi Hugo. Obrigado por participar! Comentário incrível!

      Concordo com você que existe o “feito a mão desnecessário”, porém alguns dos seus exemplos não são bons.

      • Costurar a sola com a mão: Se estamos falando de uma bota com construção goodyear welted (palmilhada pela máquina) vs uma bota palmilhada a mão, existe uma diferença.
        • Para a máquina conseguir prender a sola nessa construção a fábrica precisa grudar uma tira de tecido na palmilha de montagem (conhecido como “gemming”).
        • Quando o sapateiro costura com a mão, ele abre um canal na palmilha de montagem e passa a linha direto no couro.
        • Eu não estou dizendo que o Goodyear Welted não é durável porque a tira de tecido é fraca, mas a sola fica melhor fixada no palmilhado manual.
        • A questão é o quanto essa durabilidade é maior e o quanto alguém quer pagar. Por isso volto ao ponto principal do texto: a gente não pode falar de artesanato como processo de montagem, é óbvio que não é só isso. Temos que pensar igual pensamos em comida, viagens, experiências.
        • Pela sua última frase parece que esse ponto não ficou tão claro para você no texto: sim, o certo é comprar o que você aprecia. Se algo é feito por um monge ao invés de um funcionário normal, isso tem um valor. Assim como algumas pessoas querem que o produto seja feito por um funcionário em boas condições e outras não estão nem aí se é feito por uma pessoa “escrava”. Gosto de pensar em produtos como pensamos em comida… carne é carne, ovo é ovo, nutriente é nutriente, mas pagamos mais em alguns restaurantes de vez em quando e ficamos felizes. Porque alguém paga mais para ir em uma praia X ao invés da praia Y, se tudo é mar, areia e Sol. A ideia do texto era explicar que eu penso sobre artesanato dessa maneira.
      • Ainda no exemplo acima, existem partes de um terno, calça ou camisa que tem a ganhar com a costura manual.
        • Um excelente exemplo é a entretela no peitoral e lapela do terno (o canvas). Outro exemplo é a cintura da calça, e até mesmo o encaixe da manga de uma camisa.
        • Existem máquinas que replicam algum trabalho manual dos alfaiates mas elas são muito caras, e como você falou, requerem bastante investimento.
        • O trabalho manual chega sim a ter vantagens, mas o quanto elas tem impacto na durabilidade normalmente não cobre o preço extra. Por isso que eu disse que algumas coisas são “arte pela arte” (mas nem todas são desnecessárias no sentido de não fazer diferença). Exemplo bobo, mas é tipo gastar tempo fazendo no forno sendo que o microondas esquenta da mesma maneira e mais rápido.
      • Sobre cortar a laser ou manual. Novamente, vai variar de produto para produto, mas no caso do sapato o corte manual tende a permitir uma análise melhor de cada peça que está sendo cortada.
        • Mas tanto nesse caso quanto nas roupas, se a fábrica é atenciosa e sabe o que faz, ela ganha eficiência e consegue deixar o produto mais barato.
        • Você falou tudo no lado da tecnologia. Muitas vezes, o que acontece, é que as fábricas menores não tem condição de investir em alguns maquinários.
        • Fica a critério de cada um decidir o que ele gosta e se vale a pena pagar a mais, porque a gente fica mais feliz quando se cerca de coisa que realmente gostamos. E também fica por conta das marcas que não fazem as coisas manuais, não fingirem que fazem.
      • Sobre design: o design de um produto começa na maneira como ele é feito. Algumas pessoas batem o olho e gostam, outras curtem se aprofundar na maneira como as coisas são feitas. O conforto, beleza, etc, são bem relativos (eu, por exemplo, não suporto calçado com sola muito mole e acolchoado demais).
        • Acho que o problema de fazer uma comparação como a sua é que precisamos entender que as pessoas gostam de moda com olhares diferentes. Algumas são práticas (querem vestir para ficar legal no emprego), outros gostam de história e como as coisas são feitas, outros curtem desafiar o que é normal… ver criações diferentes, ou tem designs que você não acha igual e por isso são mais caros (do um exemplo de botas Visvim que não existem concorrentes fazendo a mesma coisa ou até mesmo do shape de alguns sapatos que não são comerciais o suficiente para marcas de massa arriscarem), etc.
          • Pra explicar melhor o meu ponto: Eu vejo MUITO valor no que um Junya Watanabe, Margiela e Yohji Yammamoto fazem. Mas eles vendem jaquetas de couro sintético caras… usam materiais não convencionais e baratos como plástico, etc. Quem compra deles paga caro porque vê valor em outras coisas.
        • Design também tem um custo. As vezes as marcas que investiram na criação acabam cobrando mais caro, e as que copiam podem baratear. Não entro no mérito de direitos autorais porque é bem complicado, mas é uma realidade.
        • Outro lance é que as vezes umas marcas simplesmente não tem a sensibilidade visual que você acha legal. Eu não curto nem um pouco sapato “bicudo”, e parece que é tudo que encontramos por aqui. Acabo pagando “mais caro” la fora (nem tanto, pois um sapato da Meermin é $180/200 (tá aqui um exemplo: Os sapatos dela valem tanto quanto os de marcas que vendem por $300)… que não foge muito dos R$ 400/450 das marcas melhores daqui)
        • Eu acho que um sapato de R$ 400 dura 3x menos do que um de R$ 1200 sim (talvez exemplo do Brasil é ruim porque somos enganados na maioria das vezes, mas pegando os EUA… um sapato de $100 dura menos do que um de $200 que dura menos que um de $300 se você souber o que está comprando). Quando chega em R$ 2600 já é um valor intangível que tem a ver com o que deixa a pessoa interessada
        • Um lance que eu super penso é que terno bespoke faz muita diferença, mas sapato bespoke não faz a diferença que justifica o preço extra (a não ser que se pé seja bizarro). Hoje, é possível comprar um excelente calçado por um terço do preço de algo bespoke. Quem gosta, aproveita a experiência. Deve ser legal o processo de escolher cada detalhe, trabalhar em parceria com quem faz, trocar várias amostras, várias mensagens, aguardar o produto chegar. Com certeza um sapato bespoke de $ 3.000 não é 5x melhor que um super sapato de uma marca top de linha como a Carmina que sai por $600.
      • Concordo… o chamado de “feito à mão” é quase sempre um trabalho acompanhado pelo homem, mas é assim à tempos.
        • A diferença é que hoje a barra ficou ainda mais baixa. Parece que só de ter uma pessoa na fábrica vira feito à mão.
        • Existem sim, produtos que tem processos muito mais manuais do que outros
        • Acho que é legal a gente discutir isso para não cair em papo furado. “Feito à mão” não deveria ser uma afirmação vazia de marketing. Saber analisar é muito bom para o consumidor!
      • Reduzir o custo é sempre o ideal e a tecnologia está aí para isso. Nós temos a oportunidade de comprar coisas que as pessoas nem sonhavam no passado.
        • O triste é que normalmente a decisão afeta o final. Quando o cara troca a palmilha por uma de papelão que tem a mesma “dureza” ou o forro de couro por de sintético, que tem o mesmo visual, ele está afetando a durabilidade.

      Eu acho que toda compra tem o seu lugar. Gosto muito de procurar os melhores preços para camisetas, camisas, bermudas… coisas menos duráveis. Eu foco bastante em como fica no meu corpo. Valorizo demais a modelagem (sempre compro camisetas lisas no mesmo lugar por causa disso).

      Agora, prefiro investir um pouco mais e combinar design/funcionalidade/durabilidade quando escolho peças de “longo prazo” (sapatos, botas, casacos, ternos, malas, etc).

      Abs e MUITO obrigado pelo comentário!!!

  8. Caí aqui pesquisando sobre algumas das marcas de sapatos e botas que tanto apareciam no meu feed no Facebook e consegui, finalmente, descobrir um blog de men’s fashion que não seja só de post patrocinado e jabá.

    Gostei do estilo das botas da Louie e da Élie, mas não sei quanto a qualidade pois acho que nenhuma loja perto de mim tenha elas em estoque. Como não sou acostumado a usar bota ou sapato, fico meio receoso. É a melhorzinha do Brasil?

    Eu tenho como comprar nos EUA com facilidade também, mas como não dá pra experimentar ou devolver, fica um pouco mais complicado. Nessa faixa de 400 reais ou 100 dólares, que marcas você recomenda por lá?

    Parabéns pelo blog e obrigado pela ajuda! 🙂

    Igor Unzer

    1. Oi, Igor. Beleza? Obrigado pelo comentário. Bom ter você por aqui!

      Ela não é a melhor do Brasil, mas para este estilo de produto, as marcas são bem parecidas por compartilharem fábricas semelhantes. Vai do seu gosto decidir qual você mais gosta.

      Nessa faixa de preço é melhor você comprar por aqui, ou a Timberland. Os sapatos nos EUA por esse valor costumam ser feitos em outros países e a qualidade fica semelhante.

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